domingo, 27 de setembro de 2009

Atitude Social

Olá pessoas,
primeiramente peço desculpas pela minha falta, mas a meta de um assunto por semana continua...estou tentando...uma hora eu consigo...rs.

O texto foi escrito por José Alberto, 46 anos, administrador formado a quase um ano, e cadeirante a 16 anos. Aos trinta anos sofreu um acidente de carro, sofreu uma lesão medular, que lhe tirou os movimentos da cintura pra baixo.

Portanto o assunto tratado hoje e escrito por ele próprio, é de pura autoridade em tudo que diz.
Espero que todos tenham a chance de refletir.

José Alberto é uma pessoa daquelas em que eu agradeço a Deus por ter colocado no meu caminho, pois tive a chance de aprender e ainda aprendo muito com ele. Pude ver de perto as limitações de um cadeirante, e podem crer, estar sentado em uma cadeira é o menor dos problemas.

Mas ele é uma pessoa completamente independente, ano passado se formou em administração, frequentou a faculdade quase não tendo falta . Tem um filho de 16 anos que mora com ele, está separado a 4 anos, e desde então mora sozinho... cozinha (aliás sou fã da sua sopa, da torrada com alho então...rs), cuida da sua casa e da sua vida, sozinho. Não estou falando aqui apenas de um autor do texto de hoje...estou falando de uma pessoa que faz parte da minha vida, e que desde então tem contríbuido para me transformar numa pessoa melhor.

Enfrentou e enfrenta todas as limitaçoes de um cadeirante, mas não deixa o mar engolir ele...luta todos os dias por dias melhores, com a felicidade, dignidade e humor que poucos tem. Alías é uma pessoa extremamente inteligente e capaz...um cidadão com opiniões, crítico como qualquer outro.

A única diferença dele e as ditas "pessoas perfeitas", são algumas limitações FÍSICAS...nada de limitações pisíquicas nem intelectuais.

Bom acho que já falei demais...desculpem-me... O texto fala por si só. APROVEITEM!!!


Atitude Social


A título de informação, os Estados Unidos da América, assim como todos os países da Europa, e alguns no Oriente Médio como Líbano, Síria, Líbia, Emirados Árabes, Kuait, Catar (Oriente Médio Pacífico) estão mais adequados às novidades do mundo inclusivo. Isso porque são países onde as Pessoas com Deficiência (PCD) são advindos das muitas guerras, e assim, vistos como heróis sua inclusão é automática.

Porém, no Brasil, não foi isso que aconteceu, somos pacíficos, e por isso as PCDs brasileiros são produzidos pela violência do trânsito, das ruas, nas más formações genéticas, congênitas, doenças, enfim somos vistos como um “peso” social e assim, discriminados, lançados as margens de uma sociedade hipócrita.

Nos esquecemos que se nossos filhos estudassem em Escolas Inclusivas, conviveriam com as diferenças e se tornariam adultos melhores. Quando Nosso estabelecimento comercial é inclusivo, aumentamos nossas possibilidades de negócios em mais de 40%, e não podemos negar que a seletividade comercial pelas ditas “Empresa Amiga da Criança”, “Ecologicamente Correta”, “Qualidade Total” além do nível de exigência de atendimento pelo mercado consumidor tem aumentado muito. Mais do que nunca todo cliente é importante.


Segundo o IBGE, no último senso(2000), somamos 24.600.000 PCDs no Brasil, aumentando este número em 10.000 todos os meses, 500 por dia só vítimas da violência das ruas e do trânsito.

Uma pequena, muito pequena parte deste número pertence às classes A e B, são consumidores normais. Porém, a maioria não dispõe de recursos financeiros nem mesmo para suprir suas necessidades médicas básicas (coletores urinários, e dispositivos para incontinência urinária, colas cirúrgicas, fraldas descartáveis, cadeiras de rodas, almofadas anatômicas, meias de compressão, curativos, etc) tudo isso acontece porque este é um país “exclusivo”.
Quanto a um Brasil inclusivo, as oportunidades serão iguais para todos, as Pessoas com Deficiência, desde a pré-escola até a universidade serão tratados com igualdade de condições, praticarão esportes e disputarão o mercado de trabalho “ombro a ombro” com os ditos “normais”. Terão salários compatíveis, casar-se-ão e constituirão suas famílias, as sustentarão, serão pais de família melhores, enfim, sem o stress de uma vida dificultosa e cheia de obstáculos por vencer serão pessoas absolutamente normais.

Não serão mais um "peso" à Previdência porque produziram e contribuirão, aposentar-se-ão por tempo de serviço e não por “invalidez permanente”, poderão então abrir um negócio próprio e assim voltarão a contribuir.

De tudo fica uma pergunta:
- Quanto custa incluir o Brasil?
Eu pergunto:
-Quanto custa, mensalmente, manter aproximadamente 24.600.000 excluídos?
Só a Previdência Social deixa de arrecadar mais de R$ 1.5 bilhões. Além disto, aposentam-se e passam a custar R$ 7.5 bilhões aos cofres (cálculo efetuado com base em um salário mínimo de R$ 300 per capita). Mais aí alguém pode questionar: Em que isto me afeta? Pois é, nós todos sabemos, ou deveríamos saber qual a situação atual da Previdência. O número de contribuintes está diminuindo, enquanto o de aposentados e pensionistas está aumentando, será que quando você tiver idade ou precisar aposentar-se isso será possível? .
-rs....como é, já está se sentindo afetado?

Por isso, já é hora de reconhecermos que temos subestimado uma classe de brasileiros apenas porque os julgamos menores, incapazes de desempenhar uma função ou até mesmo de estudar, mantendo assiduidade numa escola como qualquer outra pessoa pode fazer. Nos esquecemos muitas vezes que esse tipo de adversidade tem um primeiro momento de dor e depressão, porém depois a capacidade de transpor obstáculos e vencer dificuldades é muitas vezes aumentada.
Então é tempo de mudar a visão e reescrever a história desses que também formam o povo brasileiro.


J.Alberto C. Rocha.
Consultor de Administrativo